sábado, 9 de janeiro de 2010

Germano Mathias - Hoje tem batucada - 1959





01. Bronca De Marilu; 02. Sabão Na Panela; 03. Malvadeza Durão; 04. Mexi Com Ela; 05. Vigarista De Terreiro; 06. Recordando a confusão; 07. Forca do perdão; 08. Romeu E Julieta; 09.Sinfonia da Goteira; 10.Juca do Paulistano; 11. Amélia Granfina; 12. Paraiso da Tereza.



Saudações a todos! Inicio a primeira postagem deste ano com mais uma do grande e inigualável sambista Germano Mathias. E como aconteceu na última postagem que eu fiz dele, aviso que em 199 a RGE lançou em um único cd os dois discos que Germano Mathias gravou por ela, omitindo duas faixas de cada disco. Deste disco que ora comento foram omitidas as faixas " Sabão na Panela" e "Sinfonia da Goteira". Bem, o blog "Um Que Tenha" (há um link pra lá na minha lista de blogs), bem depois de eu ter comentado o disco "Em Continência ao Samba" postou a versão integral desta obra. Quem sabe aquele que se identifica como "Fulano Sicrano" (o mantenedor do blog) não consiga a versão integral do "Hoje tem Batucada também?"



Pois bem, como eu já havia comentado, Germano Mathias é realmente um sambista único, pois, com o seu cantar cheio de bossa e cadência, representa um estilo de se interpretar sambas quase extinto, que teve representantes do porte de Ciro Monteiro, Jorge Veiga, Vassourinha, Dilermando Pinheiro, Caco Velho, entre outros que me fogem o nome, além do próprio Germano. Pena que hoje em dia tal estilo, e com ele seus representantes, não sejam sequer conhecidos pelas gerações mais contemporâneas; hoje em dia, o negócio é "proibidão", e pagode mela-cueca; com um pouco de sorte, encontramos entre os mais jovens quem goste de samba contemporâneo, mas daqueles mais antigos, donde os sambistas contemporâneos beberam na fonte, quase ninguém conhece ou tolera...



Creio que vocês puderam notar que eu não sou muito tolerante com música; até gosto de certos grupos de pagode, e também gosto um pouco dos "três malditos" (Raul Seixas, Cazuza e Lobão) do rock nacional e também de música caipira, bem como um pouco de mpb da "Época de Ouro" e de música umbandista, mas nada pode me dissuadir da opnião de que o gosto musical das gerações mais jovens é, via de regra, bastante degenerado. E que, infelizmente, pouco nos resta fazer a não ser lamentar este fato e seguirmos resistindo a essa onda alienante que ousadamente usurpa o nome de cultura...



Eu até entendo que o gosto musical tem muito a ver com o histórico de vida das pessoas. Por exemplo, hoje em dia quase ninguém jovem gosta de música caipira porque hoje em dia a maioria dos seres humanos deste país vive em cidades; o Brasil de hoje é um país essencialmente urbano e metropolitano, mas há 50, 60 ou até mesmo 70 anos atrás (quando a maioria das duplas caipiras famosas iniciaram sua carreira), o Brasil era um país majoritariamente agrícola e rural, e a indústria começava a ganhar força; isso só começou a mudar à partir do advento da ditadura militar (veja bem, eu não estou elogiando o período mais nefasto de nossa história, ó comunistas indignados!), com o início da penetração da TV nos lares brasileiros como meio de comunicação de massas e a consolidação de "nossa breve revolução industrial", o que gerou um forte êxodo das áreas rurais para as áreas urbanas industrializadas.



Pois bem, praticamente todas as pessoas da minha geração que eu conheço foram nascidas e/ou criadas na cidade de São Paulo ou em seu conglomerado metropolitano (Guarulhos, onde resido, é uma destas cidades; também é uma cidade grande, a sexta maior do Brasil, apesar de seu governo e modos provincianos), e por conseguinte tem a mentalidade do homem urbano; como poderiam entender e apreciar uma música que fala de coisas relativas a vida rural, se isto é uma coisa que não faz parte da vida deles? Como poderiam apreciar uma múisica que fala, por exemplo, de pescaria e de canoeiros, se vivem numa área onde praticamente não existem rios ou córregos que não estejam poluídos por esgoto? Como poderiam apreciar músicas que falam da lida do gado, de invernadas e querências, se podem contar nos dedos de uma mão os bois e vacas que já viram de perto na vida (e até mesmo a lida do gado já não é um negócio tão rústico como era antigamente)? Eu mesmo talvez só gosto de música caipira porque fui criado perto de meu avô paterno (que já citei em postagem anterior), que sabe tocar viola caipira, o que me introduziu neste gosto musical e nesse Brasil que praticamente não existe mais.



Mas, voltando ao disco (vocês notaram que adoro me perder em digressões), ele está mais uma vez no rol daqueles que você não pode morrer sem ter escutado. Como vocês notaram, a maioria das obras que comento neste blog têm tal classificação. Mas, o que eu poderei fazer? Eu não tenho culpa de Germano Mathias e outros quejandos serem tão talentosos... O que nos cabe fazer é rendermo-nos ao seu talento e a sua bossa..
E vamos saravar o colírio alucinógeno!
Para ouvir a faixa 07, "Forca do Perdão", é so clicar aí embaixo: