domingo, 16 de maio de 2010

Moreira da Silva - O sucesso continua - 1968

01. Na subida do morro; 02. Olha o Padilha; 03. Amigo urso; 04. Resposta do amigo urso; 05. Te amo querida; 06. Conto do relógio; 07. Beijo de amor; 08. Rei do gatilho; 09. Dai um jeito nesse mundo; 10. Baile da Piedade; 11. A carne; 12. Apressado queima a boca; 13. Baianinha cheirosa; 14. O velho não bobeia.





Saudações a todos! Depois de um longo tempo sem postar nada (porque é como diria Voltaire: "Existem duas coisas capazes de tornar ridículo mesmo um grande homem: a necessidade de falar e o embaraço por nada ter a dizer"), eu estou voltando com mais um clássico do samba, na interpretação de um dos maiores sambistas brasileiros de todos os tempos: Moreira da Silva!





Eu creio que esta grande figura, que deve ser mais ou menos conhecida dos que passam por este blog, dispensa maiores apresentações: ele foi o criador d um famoso estilo de interpretar sambas, conhecido como "samba de breque"; no meio do samba, o acompanhamento para, normalmente pra se introduzir no samba frases de cunho humorístico. Foi um malandro respeitado em seu tempo (dizem que conheceu o próprio Zé Pelintra em pessoa; pra quem não sabe, Zé Pelintra é uma entidade muito respeitada no catimbó e na Umbanda, que na sua vida terrena foi um respeitado e elegante malandro, detentor de grandes habilidades no baralho e na conquista amorosa), e até hoje é cultuado por grandes nomes do samba e da MPB.





Neste disco, o que impressiona é a vitalidade de "Kid Morengueira", na época com 66 anos de idade (ele morreu em 2000, aos 98 anos; ele costumava dizer o seguinte, alguns anos antes do fim de sua vida: "Meu nome é Antônio Moreira da Silva, tenho o corpo limpo, sem varizes, e continuo afogando o ganso com ar de pavão misterioso"); ainda estava cantando e atuando como um rapaz de seus 20 ou 30 anos, esbanjando vitalidade com sua voz. No disco, a maioria das músicas são regravações de sucessos de outras épocas, mas ainda há algumas faixas exclusivas. A que eu escolhi para lhes mostrar, "A carne", é o samba mais pessimista que eu conheço (acho que nem Nelson Cavaquinho chegou perto com qualquer um de seus sambas):





Se eu pudesse evitar viver sobre essa terra/Se eu pudesse, lhe trataria com muito carinho/ É nessa terra/que plantamos pra colher nossos alimentos/Quando eu a piso, revolta os meus sentimentos/Sei que a terra não/tem compaixão de mim/ Porque/necessita do meu fim/O alimento da terra é a nossa carne/A terra é muda e não diz nada/Mas sei que precisa de mim/Eu vivo nessa terra/Mas sou um pobre coitado/Por essa terra/eu serei exterminado...





É bem forte, não? Pois bem, me desculpem se eu não estou conseguindo ser mais digressivo, mas é que estou escrevendo com muita canseira e sem muita inspiração, aqui do meu serviço (durante o horário de almoço). Este disco é um dos melhores que o Moreira gravou, e pra variar está no rol dos que voê deve ouvir primeiro pra morrer depois. E mais: este disco foi gravado pela Cantagalo, que segundo a capa do disco se localizava na Rua Catumbi, que com suas casinhas antigas de vila operária é um dos lugares de aparência mais romântica de São Paulo, bem nas portas de minha amada Vila Maria (mais precisamente no bairro do Belenzinho, entre a Vila Maria e o centro de São Paulo)...





E vamos ao colírio alucinógeno, meus leitores!





Para ouvir a faixa 11, "A carne", é só clicar no link abaixo: