sexta-feira, 24 de junho de 2011

Zico e Zeca - Segredo de amor - 1965


01. Nossa Senhora da Penha; 02. Cigarrinha; 03. Prima Porfíria; 04. Vida de Palhaço; 05. Segredo de amor; 06. Vem Moreninha; 07. A saudade dói; 08. Adeus Boiada; 09. Quando a saudade machuca; 10. Desprezo; 11. A verdade do carteiro. 12. Maldosa.


Saudações a todos! Pelas razões que eu já citei, as postagens do blog ficaram mais raras, mas não abandonamos este portal para o infer...digo, mundo que é essse blog que já está há quase dois anos no ar. E vamos fazer o de sempre, que é comentar música de qualidade (já estou há quase duas semanas pra escrever essa postagem, pois fui atacado por uma violenta gripe, e a inspiração estava bem longe), e dessa vez vamos falar de uma grande dupla sertaneja: Zico e Zeca.


Além de ser uma de minhas duplas favoritas, é uma das mais famosas da música sertaneja, fazendo parte de uma família de gigantes deste gênero: são irmãos mais velhos de Liu e Leu, outra dupla sertaneja famosíssima (e que talvez é a dupla que está há mais tempo atuante, contando com mais de 50 anos de carreira; já resenhei um disco deles aqui no blog) e primos de Vieira e Vieirinha (conhecidos por seu talento musical e por sua habilidade em dançar catira). Zico e Zeca atuaram juntos por quase 60 anos, até a morte repentina de Zico (é o que está empunhando o violão - ou será a viola? Ele tocava violão e o Zeca tocava a viola, mas na capa do disco o contorno não está claro - na capa do disco acima), no ano de 2009.


A dupla continuou com o filho de Zico e chegou até a gravar um CD no ano passado, mas o universo da música sertaneja já está dominado pelo "estilo universitário" e não há mais espaço pra o sertanejo "de raiz" (que, em determinado tempo, também foi um grande filão da indústria fonográfica e que à seus interesses foi moldado). E estas últimas palavras em parêntesis que escrevi são para fugir um pouco dessa ladainha: "a música de hoje é uma porcaria, não se faz música como antigamente, isso nem se compara com o créu, e patatipatatá....". Com o tempo percebemos que, por mais que não gostemos dos sucessos populares de hoje, não podemos ficar o tempo todo colocando nosso gosto pessoal de classe média boêmia como o parâmetro que deveria ser seguido pela sociedade; o popular sempre será objeto de estigma, e vira "cult" quando cai no gosto dessa classe média boêmia que citei, que na sua mania de pseudointelectualidade quer ditar o seu gosto asséptico para os que não comungam dele...


Algum filho-da-puta vai me perguntar: "Mas não é justamente isso que você faz no seu blog?" Bem, a esse cidadão eu poderia responder que esse blog é como a minha casa, e como homem adulto e civilmente capaz nela eu faço o que bem entender (se eu quiser cagar no chão da cozinha e deixar uma semana sem limpar, isso é problema meu, muito embora ao saber disso você provavelmente não aceitasse qualquer convite para me visitar ou para comer uma refeição preparada por mim), mas pra não parecer que sou tão radical a ponto de eu ter a ousadia de fazer uma necessidade fisiológica na cozinha, demostrando assim minha condição de macho-alfa (ou de completo retardado), eu digo que não tenho a pretensão de, em "meu saber de ignorâncias feito", mudar o gosto de ninguém: que o povaréu continue ouvindo as músicas de seu gosto, uma vez que isso alegra o espírito e à princípio não faz mal a ninguém, mas que também conheça e não despreze os que, a seu tempo, mostraram ao mundo o seu talento; é como eu digo para os alunos da escola (pública) em que eu trabalho, quando estes me surpreendem cantando ou escutando algo de meu gosto: "Eu não tou dizendo que você tem que parar de escutar funk, mas você também precisa ouvir Bezerra da Silva (ou qualquer outro que me venha à lembrança na hora), precisa ampliar seus horizontes e a sua mente"


E eu acredito que o espírito deste blog seja justamente esse, o de mostrar que eu acredito que em matéria de música existe um mundo para além do funk, dos pagodes e do pop rock mela-cueca e dos cantores evangélicos de voz estrídula, sem entretanto tentar destruir este mundo que eu citei ou me recusando a conhecê-lo...(assim como alguns membros da família real inglesa ainda lêem "O Príncipe" de Maquiavel trancados no banheiro, eu ás vezes me surpreendo escutando um pagode do Exaltasamba ou ouvindo um funk daqueles do tipo do "você, você quer") e de, é claro, ser um espaço onde eu possa dizer o que eu penso sobre tudo o que me rodeia, ou o que me cai nos ouvidos, ou o que consigo depreender das leituras que faço...


Mas e o disco? Olha, meus senhores, o disco é bem legal, e eu acredito que apesar de ele não ser uma obra-prima da música sertaneja, você pode tomá-lo como um bom exemplo de cultura musical caipira; nele podem ser encontradas, toadas, valsas, rasqueados e modas de viola, cantadas com a simplicidade de dois grandes sertanejos, pois a verdadeira música é universal, uma vez que ela sempre se reporta aos sentimentos universais comuns a toda a humanidade. Eu, pelo menos, gostei muito do disco, mas como acabei de falar, meu gosto é suspeito e minha moral é questionável...


Para ouvir a faixa 11, "A verdade do carteiro, é só clicar aí embaixo:


http://www.esnips.com/doc/d30ba8b7-631f-47a4-81c6-6f56ed036fbf/11.-A-Verdade-do-Carteiro