domingo, 17 de julho de 2011

Cadáver Pega Fogo Durante o Velório - 1983



01. Porta afora; 02. Altivez; 03. Com todas as letras; 04. Carne no jantar; 05. Cicatrizes; 06. Tal como Nazareth; 07. Vã esperança; 08. Prazer qualquer; 09. Flores de plástico ao amanhecer.


Saudações a todos! Dessa vez eu vou falar alguma coisa sobre um dos discos mais polêmicos e intrigantes que eu já escutei, o que já pode ser notado em seu título e em sua capa, que relembram o famoso e já extinto jornal "Notícias Populares" (do qual se dizia que se fosse espremido e/ou torcido, saía sangue), que para quem não se lembra era um jornal que publicava notícias sensacionalistas de toda espécie, como "Aumento de merda na poupança", "Gorda de 400 quilos vai posar nua"; "Queria troco e levou bala", "Bebê-Diabo arrasa com ritual de umbandista", "Desapareceu Roberto Carlos", tudo com o intuito de fazer da desgraça humana (ou de crônicas policialescas inventadas sobre ela) objeto de riso e interesse do povo...


E, com efeito, podemos dizer que este disco e constitui numa versão cantada do famigerado jornal, e aí está o efeito chocante do disco: Fernando Pellon, que compôs todas as faixas do disco e emprestou a voz para duas faixas, nele falou de temas extremamente mórbidos, como suicídio, violência doméstica, loucura, comparações mórbidas sobre o sentimento amoroso e o caso cômico de um defunto que se indigna por ter seu túmulo ornado com flores de plástico no dia de Finados... Tudo isso cantado por bons nomes de nossa música, como Cristina Buarque e Nadinho da Ilha...


Pois bem, meus caros (e ainda não muitos) leitores, por todos estes motivos citados é uma obra bastante intrigante, por falar dum jeito bem corriqueiro e chão de temas que até hoje são tabus em se tratando de música (afinal não se vê muita gente fazendo música brincando com suicídio ou violência doméstica, tal como vemos nas faixas "Com todas as letras" e "Altivez"); talvez por isso este disco tenha caído nas garras da censura e acabou também caindo no esquecimento apesar da ousadia de sua proposta. O que eu posso dizer é que vale a pena ouvir, mas que cada um faça seu julgamento...


Vamos parar porque a inspiração pra escrever algo prestável e útil já me foge, pois como diria Voltaire, existem duas coisas capazes de torar ridículo mesmo um grande homem: a necessidade urgente e inadiável de falar e o embaraço de não ter quase nada de útil ou inédito a dizer... Quem, como eu, já está há quase dois anos mantendo um blog como este, já se defrontou com este paradoxo várias vezes...


Para ouvir a faixa 04, "Carne no jantar", na interpretação de Nadinho da Ilha, é só clicar aí embaixo:
http://www.esnips.com/doc/91b91def-2751-474a-8aa2-e8928e7bf132/04-CARNE-NO-JANTAR