quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Bezerra da Silva e Rey Jordão - Partido Alto Nota 10 vol. 3 - 1980


01. Mulambo só; 02. Mulher da melhor qualidade; 03. Meu pirão primeiro; 04. Cara de cruel; 05. Todo enrolado; 06. Velha demais; 07. Matemática do feijão; 08. Boi que morre na minha fazenda; 09. Greve dos ladrões; 10. Lei da Madeira; 11. Caboclo Porrete; 12. Tô com o poderoso.


Saudações a todos! Eu já estou há quase vinte dias tentando escrever um post sobre a importância do feminismo para o homem, e não consigo atinar com a forma certa de fazê-lo; se eu dou um formato mais intimista e insiro passagens de minha vida que se relacionem ao tema ou eu trato do assunto de uma forma mais generalista.... Mas, enquanto estou aqui nestes dilemas, eu posso resenhar mais uma das obras dos meus guardados, pois, como eu já disse anteriormente aqui, não é preciso muito para se escrever uma resenha musical; basta ouvir a obra e ter noções gerais de história da música e do gênero em que a obra se enquadra...


Assim sendo, digamos alguma palavras sobre este disco do grande Bezerra da Silva, lançado em parceria com Rey Jordão, sambista que posteriormente ainda lançou um outro disco solo bonzinho e depois sumiu (eu tenho esse disco que citei; talvez um dia eu resenhe ele aqui neste humilde blog)... É um dos discos integrantes da série "Partido Alto Nota 10", que caso os leitores não saibam, foi a série que lançou Bezerra da Silva rumo ao estrelato. E, dos cinco discos desta série, este é o melhor de todos, além de ser o último em que o Bezerra da Silva aparece cantando (nos dois seguintes, ele ficou só no apoio da percussão; em todos os seus discos, além de cantar, Bezerra costumava tocar três ou mais instrumentos).


É mais um disco no melhor estilo "bezerriano", ou, melhor dizendo, no mais autêntico samba dos morros cariocas, no qual Bezerra se destacou ao dar voz a inúmeros compositores populares, que falavam das coisas relativas à sua vida: a criminalidade, as dificuldades econômicas e sociais do morador das favelas, as macumbas, as rodas de samba e partido-alto... Abençoado seja Bezerra da Silva, que, como falei na resenha de outro disco dele que fiz para este blog, fez os mais recalcados saírem cantando: "Vou apertar/mas não vou acender agora"... E fica o conselho: não morra sem ouvir Bezerra da Silva!


Para ouvir a faixa 05, "Todo enrolado", é só clicar nesse vídeo aí embaixo:




E para ouvir a faixa 12, "Tô com o poderoso", clica nesse vídeo aqui:



quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Cânticos da Vovó Juventina - 1983


01. Vovó me Contou; 02. Patuá da Vovó; 03. Presença da Vovó; 04. Dá um nó; 05. Cura da Vovó; 06. Caboclo Tira Teima; 07. Magia da Vovó; 08. Sete Saias; 09. Coité da Vovó; 10. Aruê, aruê; 11. Bate tambor; 12. Ela Veio da Bahia.


Saudações a todos! Vamos começar o ano fazendo o que de melhor eu fiz nos três anos e meio que este blog está no ar: resenhas cagadas sobre obras musicais que quase ninguém escuta, mas que nem por isso deixam de ser boas... A propósito, creio que aqui cabe uma breve explanação sobre este proceder: quando as idéias faltam, resenhar discos é muito mais fácil, pois basta apenas você escutar a obra, ter noções de história da música e conhecer razoavelmente o gênero musical no qual a obra a ser resenhada se encaixa. Atendendo estes requisitos, a resenha sai que é uma beleza...


E desta vez vamos a uma obra tão bonita quanto rara da música umbandista: o LP gravado por iniciativa dos filhos do Cantinho da Vovó Juventina da Bahia, templo do Rio de Janeiro, vencedor de vários festivais de música umbandista nos tempos de dantes. Sobre estes festivais, eu já fiz uma pequena explanação sobre eles em postagens anteriores, e também cumpre lembrar que, em outras épocas, alguns templos lançavam discos em tiragem limitada pra que a venda destes os ajudasse a se manter financeiramente. Nessa prática surgiram pérolas da música sacra nacional, bastante cobiçadas por colecionadores pela sua raridade e por seu valor histórico, religioso e antropológico. E esta obra que ora resenho não foge a regra; obtive uma cópia dela graças a um bem bolado com um famoso colecionador de obras do gênero (vejam a minha lista de blogs favoritos e entrem no "Acervo Tambor", ali está o inventário desta rica coleção).


Na obra em si, o que podemos encontrar são cantigas de louvação, retraduzidas como sambas (todas as faixas do disco, com exceção de uma, são dedicadas à Vovó Juventina), com um excelente acompanhamento: atabaques bem tocados, um afoxé bem ritmado e um cavaquinho safado mandando ver em todas as faixas (na contracapa do disco, está dizendo que um tal de Jair o estava tocando. Será que não é o mesmo Jair que fez parte da ala de compositores da Portela, da Velha Guarda da mesma escola de samba, e dos lendários grupos Voz do Morro e Cinco Crioulos?) Aliás, a capa do disco contém a indicação dos intérpretes das faixas, dos compositores das mesmas, dos músicos e de todos os envolvidos em sua produção, coisa rara nos discos de umbanda.


Resumidamente, é um disco muito bonito, bastante representativo do que é a música e a cultura umbandista, e que está no rol dos que você, mesmo que não seja da "banda", deve ouvir pelo menos uma vez na vida. Foi difícil escolher uma faixa para degustação habitual; o disco inteiro é irrepreensível! Enfim, fica a esperança de que um dia voltem a ser produzidas obras do porte desta que tive a honra de resenhar porcamente aqui nesse espaco, obras que remetem a um tempo que os umbandistas tinham mais orgulho de sua religião e mais zelo em praticá-la e cantá-la. Pra falar das coisas do santo em música é preciso respeito, mas também é preciso alegria e sentimento...


Para ouvir a faixa 11, "Bate Tambor", é só dar um clique aí embaixo: 

http://www.esnips.com/displayimage.php?pid=34276867