quinta-feira, 21 de novembro de 2013

MC Ralph - Os Afro Raps - 2011




01. Agô; 02. Filhos de Ogum; 03. Okê Arô; 04. Canto da Cabocla Jurema; 05. Janaína; 06. Quem foi; 07. Rei Salomão; 08. Santa Bárbara; 09. Atotô; 10. Pacha Mama; 11. Senhora Aparecida; 12. Re-Crianças; 13. Canto do Caboclo Boiadeiro; 14. Oxalá; 15. Adeus, meu povo.


Saudações a todos! Depois de cerca de um mês em que o ânimo e a inspiração para escrever fugiram por completo, e de um tempo ainda maior sem resenhar uma obra musical, voltamos mais uma vez à carga, junto com um disco não tão novo, mas que podemos considerar a descoberta/pedrada musical do ano: Os Afro Raps!
 
 
MC Ralph, rapper radicado em Taubaté, cidade interiorana à cerda de 100 quilômetros de São Paulo, já deve possuir uma história considerável dentro do movimento; fato é que seu disco conta, na faixa 02, com a participação de Emicida, que junto de Criolo é atualmente o nome mais aclamado do rap nacional (vale lembrar aqui uma coisa, embora muita gente que eventualmente leia estas linhas passe a me odiar por causa disso: acho a música dos dois - nem tanto a do primeiro, mas sobretudo a do segundo - fraca demais; a melodia e a temática são angustiantes demais), ainda mais neste momento em que a mídia, de uma maneira geral, procura mostrar o rap como "a" expressão cultural por excelência das periferias, negligenciando ou sufocando as outras que por ali existam (como o funk, por exemplo).
 
 
No mais, é uma prova de que o universo das religiões de matriz nacional transita com incrível naturalidade por todos os gêneros musicais... (Vou confessar algo: quando falo das religiões como o candomblé, a umbanda, o catimbó, etc., sempre me pergunto qual é o termo mais adequado pra nos referirmos à elas: religiões de matriz africana??? religiões afro-brasileiras??? religiões afro-indígenas??? Todas tiveram, em graus diferentes, contribuições de elementos católicos, kardecistas, africanos e indígenas em sua composição, e todas, apesar de serem religiões distintas entre si, guardam muitos pontos de convergência; se resolvemos adotar um termo, corremos o risco de estarmos negligenciando ou omitindo algum aspecto importante na formação e no entendimento destas religiões... Sacaram essa minha inquietação??? Quem sabe um dia eu não escreva aqui algo a respeito disso???) Ou seja, podemos falar de maneira abrangente e respeitosa das coisas do santo em música sem que precisemos recorrer à artificialidade ridícula e ao sentimentalismo de encomenda presente em muitos dos atuais expoentes da música sacra...
 
 
E, não custa nada lembrar, um disco que, neste ano em que rememoramos o centenário de Vinícius de Moraes, evoca o célebre disco "Os Afro-sambas", que sem dúvida é um dos 10 maiores discos da história da MPB, daqueles que marcam renovações temáticas e melódicas no seu gênero. O álbum de MC Ralph não chega a tanto, mas vale (demais) a pena ser ouvido e amplamente divulgado, pois, como já dissemos ainda há pouco, é uma prova viva da versatilidade e da riqueza de nossa cultura... Até a próxima!!!
 
 
Para ouvir a faixa 03, "Okê Arô", é só dar o play no vídeo aí embaixo: