quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Fundo de Quintal - Nossa Verdade - 2011


01. Nossa Verdade; 02. Lá Debaixo Da Tamarineira; 03. Teu Jogo; 04. Fé Em Deus; 05. Cacique a Consagração; 06. Coisa Da Raça; 07. Fera No Cio; 08. Passou Da Hora; 09. O Bom Sonhador; 10. Subtração; 11. O Poder De Curar; 12. Romance Proibido; 13. Nossa Bossa; 14. Luz Da Alvorada; 15. Conselho/ Insensato Destino.



Saudações a todos! Depois de um longo tempo sem escrever nada para este blog e ver as visitas a ele caírem vertiginosamente, tudo pela maldita falta de inspiração... E vamos então retomar à carga com um dos mais tradicionais e melhores grupos de samba e pagode, o Fundo de Quintal.E vou dizer que o disco que ora comento foi uma grata surpresa, pois fazia muito, mas muito tempo (precisamente desde o "Festa pra Comunidade", de 2003) que o Fundo não lançava um disco de estúdio prestável; parecia que as saídas (pacífica e sem brigas de ego, diga-se de passagem) dos ícones Arlindo Cruz e Sombrinha ( o primeiro em 1994 e o segundo em 1992, salvo engano) e do violonista e grande poeta Cleber Augusto (em 2004) haviam ferido de morte o talento do grupo, e que este sobrevivia mais de sua fama passada do que de seu trabalho presente...


De fato, a maioria das coisas que o Fundo de Quintal lançou neste interregno foram DVDs de alguns shows nos quais o repertório era quase todo composto pelos antigos sucessos do grupo e por sambas famosos de antigamente. Os discos de estúdio ficavam muito a desejar se comparados com os do tempo da clássica formação: Arlindo Cruz, Sombrinha, Cleber Augusto, Sereno, Bira Presidente e Ubirany, que de 1982 a 1992 fizeram a cabeça de muitos adoradores do ritmo nacional, inclusive eu. O Fundo ainda teve o Almir Guineto, o Jorge Aragão, o Neoci, o Walter 7 Cordas e o Mário Sérgio (os dois primeiros seguiram carreira solo de grande sucesso - embora atualmente estejam sumidos - o Neoci e o Walter faleceram quando faziam parte do time e o Mário Sérgio ainda não emplacou na carreira solo), bem como ainda está com o Ronaldinho, integrou o baterista Ademir e está estreando o Flavinho, mas nada que se comparasse a esta famosa formação, que, entre outras coisas, nos ensinou a gostar de samba.



Me lembro que aos quatro anos de idade eu estava tomando água com xarope de groselha (uma coisa que as crianças tomavam em quantidades industriais no meu tempo, uma vez que os sucos em pó eram uma porcaria de tão artificial que era o seu gosto e os refrigerantes eram relativamente caros para serem consumidos todos os dias, pois não haviam muitas marcas disponíveis no mercado como hoje; atualmente, não se acha facilmente groselha pra se vender no mercado, e a que existe não é nem sombra da groselha de antigamente, em que bastava se botar um dedo de xarope num copo americano e botar o resto de água para se fazer uma bebida palatável. Hoje em dia, não se consegue o mesmo efeito com meio copo de xarope) dentro de um cantil de plástico e estava observando meu pai passar alguns de seus LPs para fitas cassete (meu pai tinha o costume de fazer coletâneas dos LPs que possuía - e até hoje possui; me lembro das diversas vezes em que fomos juntos, eu e ele, comprar LPs na finada loja Mappin, aquela mesmo da Praça Ramos - em fitas cassete para que pudesse usá-las dentro do toca-fitas do carro) quando escutei pela primeira vez os acordes do samba "Receita da Sorte" (do disco que o Fundo lançou em 1986, "O Mapa da Mina"), notadamente a introdução em que o Arlindo Cruz dá uma castigada no banjo. Foi o primeiro samba que me lembro de ter escutado, e ainda me lembro que aquilo mexeu comigo de uma tal forma que dali pra diante, na altura dos meus quatro anos, eu pude decidir que o samba era o meu gênero favorito...



Mas até agora eu não falei quase nada do disco, vejam vocês como sou tapado! Como já havia dito, esse disco foi uma grata surpresa, pois o Fundo já estava começando a viver de seu passado. Quem sabe foi porque não estava mais gravando muito com bons compositores, e agora voltou a gravar obras mais elaboradas na composição. Nos 30 anos de trabalho solo do grupo, o Fundo neste disco finalmente voltou a ser a reunião dos melhores de seu tempo no pagode, e os fãs esperam que este disco seja apenas uma de outras brasas que ainda virão...


Para ouvir a faixa 12, "Romance Proibido", é só clicar aí embaixo:
http://www.esnips.com/doc/b62c356b-a030-4fe6-9181-58ac0978ba2d/12.-Romance-Proibido