domingo, 28 de novembro de 2010

O meu tcc na versão integral...

https://docs.google.com/viewer?a=v&pid=explorer&chrome=true&srcid=0B4qdFTP4R1vLZDY4Njk2NDgtOWQ5NS00YzcyLThiZjctYTA1NmZkYTk4Nzdj&hl=pt_BR


Esse link aí em cima é o texto completo do meu tcc, que tem por título "Umbanda: um patrimônio histórico e cultural através de sua música". Este trabalho foi feito em cumprimento parcial das exigências legais para a obtenção do grau de Licenciado em História, e foi o fruto de meses de dedicada pesquisa. Será defendido no campus guarulhense da Universidade Federal de São Paulo no próximo dia 02, a partir das 20 horas.

Apesar disso, ainda temos um bom pedaço a ser caminhado pra que possamos obter nosso diploma...Foi quase como escrever um livro, mas com muito menos tempo do que seria preciso para tal...

domingo, 7 de novembro de 2010

José de Aloiá - Saudação à Praia Grande - 1986



01. Saudações à Praia Grande; 02. Mundo Enganador; 03. Feitiço de Preto-Velho; 04. Desfeita de Macumbeiro; 05. Povo do Oriente; 06. Vovó Cambinda na Bahia; 07. Vagabundo Zé Pelintra; 08. Saudações à Babalaô; 09. Mestre Sibamba; 10. Tomando Cana; 11. Nega, cadê teu Nego?; 12. Xangô.




Saudações a todos! Vamos a resenha de mais um disco de Umbanda, que tenho cá comigo em meus guardados; mas ao contrário do que eu tenho postado aqui, esse disco não é dos melhores. A bem da verdade, pode-se dizer que é uma porcaria, e que eu perdi meu dinheiro quando adquiri a cópia digital desse LP.



Mas, seguindo o conselho de Mestre Obashanan, um disco de Umbanda, por mais ruim que seja, sempre é o reflexo de uma forma de se entender a Umbanda. E este disco obviamente não é uma exceção. A maioria das faixas deste disco são forrós em homenagem à entidades da Jurema e também da Umbanda; há ainda umas duas faixas com jeito de pagode mela-cueca das antigas (uma das quais eu escolhi para a "degustação" habitual), daquele tempo que até o pagode mela-cueca era mais elaborado e romântico...



O problema do disco é que o acompanhamento instrumental das faixas ficou parecendo melodia de videokê, ou aqueles discos antigos que só continham a melodia das músicas mais famosas pra que o pessoal brincasse de karaokê (obviamente não se usa o playback, mas sim uma versão melódica, para que não se torne necessário o pagamento de direitos autorais e de execução dos originais) Em português mais claro, esse disco que ora comento ficou pra lá de brega...



O que mais ou menos salva o disco é a interpretação do José de Aloiá, pai-de-santo da Tenda de Umbanda Palácio de Iansã, Cabocla Yara e Serafina da Bahia (eu não sei onde é esse templo, nem se ele ainda existe; se alguém que passar por aqui souber de algo, por favor se manifeste!), que tem um timbre de voz muito semelhante ao da grande Clementina de Jesus, mas bem mais rouco. O disco que José de Aloiá gravou só com pontos de Zé Pelintra (posso dizer que os pontos de Zé Pelintra conhecidos da maioria dos umbandistas estão neste disco; pelo menos os primeiros pontos que eu aprendi do seu Zé Pelintra, eu aprendi escutando esse disco!) é infinitamente melhor do que este que ora apresento.



Dá pra notar que a intenção inicial era demonstrar onde estão as raízes dos ritmos da música nordestina, de uma forma bastante ousada para a época. Porque os forrós, baiões e xotes têm uma ligação muito evidente com a música das encantarias; até há um culto no Norte e no Nordeste conhecido como "Baião de Cura" . Pena que no resultado final, o disco ficou parado no tempo, daquela coisa da música nordestina dos anos 80... Pelo menos pra quem quer entender as conexões da músicados terreiros com a música popular, vale a pena ser ouvido...



A capa desse disco que encima a postagem é do blog "Acervo Tambor"



Para ouvir a faixa 08, "Saudações à Babalaô", é só clicar aqui:


http://www.esnips.com/doc/72685670-a1e8-4244-8aeb-371416276165/08-Saudações-à-Babalaô

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Umbanda - Sylvano Alves - Década de 60?


01. As criancinhas; 02. Negro Velho; 03. Pena Branca; 04. Todos os Baianos; 05. Salve Yemanjá; 06. Filho de Oxalá; 07. Divino Mestre; 08. Quizumba; 09. Tranca Rua; 10. Pomba Gira; 11. Paz no Congá; 12. Despache.


Saudações a todos! Depois de um certo tempo, vou voltar a fazer de novo o que eu mais gosto de fazer neste blog: resenhar alguma obra musical que eu tenha aqui comigo. E essa aqui é bem especial, pois é a mais rara do meu acervo... Atualmente, você não vai achar no irretorquível oráculo que se tornou o Google mais do que três ou quatro referências desse disco; eu tive muita sorte em encontrar esse LP num sebo do centro velho paulistano, e mais sorte ainda em vencer uma pequena disputa com um outro fanático colecionador de discos pra levar essa obra pra casa. Ainda bem que o preco pedido foi bem acessível; eu tenho comigo que esse LP vale pelo menos duas vezes e meia o preço que paguei por ele.



E, mais do que isso, devo ser um dos últimos seres humanos de meu tempo que possuem em sua casa um toca-discos (vitrola) ainda funcionando, o que me possibilitou conhecer esta obra tão logo eu a comprei. Como bom adepto do "copyleft" que sou, assim que possível eu consegui alguém que me fizesse uma cópia digital desse LP (o pessoal que faz esse serviço tem a estranha fama de sumir com os discos que você entrega para ele passar para CD, e não foi fácil achar um sujeito que me parecesse confiável o suficiente para que eu lhe desse a guarda temporária de um LP raro) e fiz outra cópia desse LP em mp3 que está disponível para download no blog "Discos de Umbanda" (tem um link na minha lista de blogs favoritos pra você ir para lá, portanto não me peçam esse disco!)



O sujeito fez esse serviço em menos de uma semana, mas infelizmente a versão digital ficou um pouco desvirituada do que está contido no original em vinil; no original, é possível ouvir bem distintamente um violão e um cavaquinho tocando conjuntamente em quase todas as faixas, enquanto que na versão digital o som do violão foi praticamente suprimido e está quase inaudível, e o do cavaquinho ficou mais acentuado do que no original. Felizmente, a compreensão e o sentido da obra não ficaram prejudicados nessa transposição.



O que eu não podia esperar é como um LP tão simples como esse (não temos a data de gravação, nem o nome dos músicos participantes, como é comum nos discos de umbanda; temos nomes dos compositores das faixas nas etiquetas do LP) e com um cantor relativamente desafinado pudesse mostrar de forma tão singela o que é a Umbanda, e o que significa acreditar em suas forças, usando um atabaque (deve ser um Lé), um agogô, um ganzá, um violão e um cavaquinho. Todas as músicas são louvações a algumas entidades, ou tentativas de sambas falando do imaginário dos terreiros; poderia dizer que essas músicas tem aquela levada de cururu caipira, ou dos hinos do Santo Daime. Só a faixa 07, que é uma oração, parece ter sido tirada de alguma rádio AM espírita, nas ocasiões em que eles fazem orações com eco para iniciar e/ou encerrar suas transmissões...



Todos estes fatores estão me levando a uma constatação: a música umbandista é muito mais indígena do que africana. O toque do atabaque que está nas faixas do disco (parecidíssimo com o "quebra-prato", e que é comuníssimo dentro dos terreiros de Umbanda) é claramente um toque de Jurema; o uso de instrumentos de corda é comum em outras manifestações religiosas de forte cunho indígena, como as Encantarias, o Tambor de Cura e as religiões que usam o chá do Daime; os mais emblemáticos discos de Umbanda, como por exemplo os discos do Sussu, tem mais ou menos o mesmo estilo de gravação, e por aí vai...



Desta forma, posso dizer que este é um disco bem simples, mas que remete à uma época em que os umbandistas exerciam sua fé com um pouco mais de simplicidade, de zelo e de orgulho; havia apenas a preocupação de louvar com sinceridade as forças sagradas. Enfim, é um disco que nos faz entender melhor a essência da Umbanda, que está se perdendo neste mundo globalizado...



Para ouvir a faixa 06, "Filho de Oxalá", é so clicar aí embaixo: