quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Sobre a pinga e outras drogas (repostagem)

Eis a minha cachaça favorita: Rainha Paraibana... O rótulo vermelho já está de sobreaviso: 50% de etanol (já foi 54%!) não é pra qualquer juvenil! Já vi muitos cachaceiros experientes se engasgarem com um único gole desta bebida, enquanto este pobre indivíduo que vos fala é capaz de virar um copo americano num instante sem sequer piscar! Pelo menos de algo que eu faça devo me orgulhar, não?



Essa aí já é uma cachaça mais top; dizem ser a favorita do ex-presidente Lula... 03 anos de descanso em tonéis de bálsamo e um sabor incomparável, aromático e suave...Pena que custa tanto como uma garrafa de Green Label, mas é uma cachaça excelente...



Um registro da pior bebedeira da minha vida: 03 dias de dores de cabeça e de estômago, náuseas, vômitos e desarranjo intestinal... 03 dias que não desejo viver novamente!




E eis o que causou todos estes males que citei: um porre de Caninha da Roca, a pior pinga do mundo... Passe longe dela e de todas as cachaças de Rio das Pedras!




Quem diria que isto seria possível nos dias de hoje??? Uma criança de 05 anos tirar fotos com um cachimbo na boca???







Saudações a todos! Por que razões eu estou aqui a falar sobre a bebida típica nacional? Ora, pelo que vocês já puderam notar, eu sou um cara chegado no "absinto caboclo", por isso comecei esta postagem falando duas palavras sobre as cachaças mais marcantes que eu tomei: seja pela sua qualidade ou pela sua ruindade...


Creio que seja oportuno falar disso neste momento em que surge uma legislação que normatiza a produção dos aguardentes oriundos dos subprodutos da cana-de-açúcar, diferenciando a cachaça dos demais aguardentes de cana. Concomitante a isto, o processo de produção artesanal da cachaça está em vias de se tornar oficialmente (se já não se tornou) um patrimônio cultural imaterial de nosso país, que como tal deve ser documentado, registrado e preservado em todos seus pormenores. Entretanto, pouco se tem falado sobre os efeitos deletérios do consumo excessivo de álcool, que talvez seja mais danoso do que a maior parte das drogas ilícitas.


Em nossa cultura, como talvez na maior parte das culturas ocidentais, o consumo de álcool está fortemente ligado à passagem da adolescência para a vida adulta; uma das coisas que diferencia o adulto do adolescente é o fato de que o primeiro pode aparentemente consumir álcool a seu gosto sem atrair olhares de censura, enquanto o segundo tem que ficar quase que mendigando uma bicada no copo de cerveja ou de caipirinha do pai ou da mãe. Se ele se atreve a tomar mais de dois dedos de vinho espumante na passagem do ano ou daquele ponche gostoso numa festa, isso já é motivo para um longo sermão condenando tal atitude... Uma das transgressões mais excitantes da adolescência é o consumo de álcool clandestino.


Eu me lembro dos meus dois primeiros pileques, no tempo em que eu fazia o ensino médio numa escola técnica pública na Vila Maria. A primeira vez foi quando o pessoal foi num desses passeios de escola ver uma exposição sobre Napoleão que estava ocorrendo na FAAP, e que continha muitos objetos pessoais do dito cujo.


Na volta para a escola, dois pilantras tiraram da mochila algumas garrafas de refrigerante cheias de caipirinha, e que foram consumidas no caminho de volta. Ninguém bebeu uma quantidade muito grande de caipirinha, mas como todos estavam pouco acostumados ao consumo do álcool, ficamos bastante "alegres", e aparentemente não despertamos a suspeita dos professores que nos acompanhavam, pois já tínhamos fama de ser um pouco indisciplinados. Até hoje me lembro do pessoal contente por supostamente ter conseguido enganar os professores bem na fuça deles... Inclusive, a caipirinha que eu tomei até hoje me parece que ela tinha o gosto "especial" da subversão misturado no meio do álcool...


E na festa que organizamos para comemorar o fim do ano letivo, e por extensão o término de nossa passagem pelo ensino médio? Eis que de repente alguém saca de sua mochila uma garrafa de vodca barata, e incontinenti a misturam com o conteúdo de duas garrafas de coca-cola que já estavam pela metade. Asssim sendo, todos os presentes se serviram de belas lapadas de coca com vodca; a vodca era barata, mas fez efeito rapidamente: em instantes já estávamos "de fogo", acompanhados até mesmo pelos colegas mais comportadinhos.


Num momento em que a algazarra produzida por nós se tornou intolerável para os ouvidos das pessoas sóbrias, a coordenadora pedagógica da nossa escola foi ver o que estava acontecendo, e imediatamente farejou que todos estavam sob o efeito do álcool. Nesse instante, tive um lampejo de sobriedade e pensei com meus botões: "P.Q.P, a gente tá fodido!" Pra nossa sorte(?) toda a bebida já havia sido consumida, e a vodca, ao contrário da pinga, não deixa o hálito bucal ou o suor dos que a bebem com um odor acentuado; por esta razão, quando a mulher foi cheirar o hálito de um dos colegas pra ver se suas suspeitas se confirmavam, nada conseguiu obter e nos deixou em paz(?) novamente.


De resto, o que eu sei é que este dia foi um dos mais legais de todos esses quase 27 anos de existência; até hoje, quase dez anos depois desse fato, eu conservo comigo uma camiseta com os autógrafos dos colegas; eu dancei forró (ou pelo menos eu julguei que estava dançando, pois até hoje nem dançar cirandinha eu sei!) coladinho com a minha paixão da época...


Como vocês notaram, eu só falei de experiências boas de minha vida relacionadas ao álcool; não falei das besteiras que fiz na rua e dos perigos a que me expus quando estava embriagado, não falei das dores de cabeça que senti nos dias subsequentes à embriaguez, das vezes em que magoei meus familiares por eles me surpreenderem sob o efeito do álcool, como é horrível ter que ir trabalhar de ressaca, nem dos exemplos que presenciei das consequências do abuso do álcool dentro de minha própria família... Do mesmo jeito que na propaganda, eu relacionei o consumo da bebida às coisas boas da vida; vejam só essas duas propagandas de cachaça: www.youtube.com/watch?v=rN258QIedCo (meu avô gostava dessa pinga e minha vó usava essa cera pra lustrar os tacos do chão da sala e dos quartos) e www.youtube.com/watch?v=QNwD1BV1mNo&feature=related (o macaco cachaceiro; hoje em dia isso seria impensável).


Perceberam a sutileza? Uma música agradável seguida de um pedido de uma dose (houve quem comentou: "Ai tatu/Tatuzinho/Quando fecha a garrafa/Me abre o cuzinho") e um macaco esperto que pra esquecer as angústias de sua profissão vai buscar uma "quente", demonstrando mais sagacidade que seus donos, que queriam fazer ele montar em cima de um leão... Quando vamos nos dar conta, o mal já está feito e não conseguimos mais parar de beber, uma vez que fomos educados pra acreditar que a bebida está por trás das coisas agradáveis da vida...E talvez esse seja precisamente o mal; praticamente não existem, ou pelo menos são raros, os momentos de nossa vida particular e até mesmo pública em que o consumo de álcool não caia como uma luva: quando nos levantamos, quando vamos dormir, antes, durante e depois das refeições, numa festa ou numa conversa informal com os amigos, até mesmo antes ou depois de uma transa. Inclusive, em muitos desses momentos, se o álcool não estiver presente temos a impressão de que está faltando algo.


Até mesmo rezam os evangelhos oficiais que o primeiro milagre de Jesus Cristo foi transformar cerca de 240 litros de água em vinho (e eu tenho com meus botões que só não foi chope ou mesmo cachaça porque os antigos judeus desconheciam tais bebidas), muito embora os adventistas que me educaram durante todo o ensino fundamental teimassem em dizer que este vinho era o "suco de uva não-fermentado", o que para os leigos é simplesmente suco de uva puro... Pois bem, o que nos interessa dizer é que, uma vez instalado, o álcool não nos abandona mais e arranja um jeito de se imiscuir em todas as esferas de nossa vida, e tudo o que nos cabe fazer é administrar essa presença de modo que ela não nos atravanque a vida...Pois quem pode negar que uma dose de uma pinga de qualidade não é boa? Como negar que a tontura e a desibinição provocadas pelo álcool não são gostosas até certo ponto? Como quebrar com o costume de meus avós paternos (que são de uma região do interior paulista onde a presença italiana é muito forte; infelizmente eu não sou descendente de italianos) de botar uma garrafa de vinho suave na mesa por ocasião de qualquer refeição festiva?


Realmente o que temos que fazer é não nos deixar dominar pela bebida, como um irmão de minha mãe que em virtude do alcoolismo abandonou a mulher e seus dois filhos na miséria, causou muitos desgostos aos meus avós, se expôs a diversos perigos, estragou o clima de muitas festas de Natal (desde o ano em que meus pais se casaram, as festas de Natal sempre foram realizadas reunindo a família de meu pai e de minha mãe em minha casa, e nisso se incluíam meus tios, meus primos e em algumas vezes até a família dos namorados de ocasião das minhas tias solteiras; só depois de alguns anos eu fui entender porque meu avô materno sempre chorava nos dias de Natal; era sempre por causa de alguma que meu tio aprontava por causa da bebida) e por fim acabou, depois de longa disputa, tendo que ser interditado judicialmente para que fosse possível a sua aposentadoria por invalidez (por causa do abuso alcoólico, a parte do cérebro de meu tio responsável pela memória recente ficou permanentemente comprometida, e por esta razão ele agora não só parou de beber como tem que viver sob tutela alheia; como os distúrbios causados pelo álcool não são legalmente considerados suficientes para ensejar aposentadoria por invalidez, minha mãe teve que entrar com um processo judicial para interditar meu tio e assim ele poder se aposentar. Nesta semana, minha mãe obteve a interdição definitiva de meu tio, tornou-se sua tutora legal e possibilitou sua aposentadoria).


Pois bem, não obstante esse gritante exemplo, vamos tocando a vida com esse mal necessário... Mas e as outras drogas? Sobre as outras drogas, o que temos a dizer é o seguinte: eu também gosto de fumar cachimbo, tanto o fumo próprio para esse fim quanto o fumo de corda; o segundo, por seu odor relativamente desagradável, eu só uso em casa, e a minha relação com esta droga é quase a mesma que com o álcool: não fumamos em demasia, mas vamos tocando a vida sob a sombra deste vício. Pois é claro que o governo não está preocupado com as mortes causadas pelo fumo ou por qualquer outra droga, mas sim pelo gasto que as pessoas doentes proporcionam ao utilizar a rede pública de saúde pra se tratar destes males relacionados à intemperança.


Ora bolas, se há uma coisa que eu aprendi em 3 anos de funcionalismo público é que o governo, que mais do que ser a representação de todos os cidadãos se tornou uma entidade separada e acima destes, é e sempre será extremamente rico e poderoso, e que dinheiro, para o governo, nunca faltou e jamais irá faltar; o que acontece é que o dinheiro dos nossos impostos é, em sua maior parte, malbaratado em um sem-número de safadezas e inutilidades. Por povo que trabalha quase a metade do ano para pagar impostos e que deseja ver esse esforço revertido em benefícios, só as migalhas... Um exemplo disso é a quase ausência de políticas públicas voltadas para a recuperação dos que desejam abandonar o vício em qualquer substãncia. O que temos são iniciativas de ONGs, associações religiosas e o que a iniciativa privada oferece, mas público....


E quanto as drogas ilícitas? Eu devo dizer que a minha história com elas não é muito bonita; como eu já devo ter dito, os primeiros 7 anos de minha vida foram passados em sua maior parte ao lado da mãe de meu pai, que até hoje mora no bairro paulistano da Vila Maria. Quem conhece este bairro, sabe que é um bairro de "classe média baixa", ou onde moram mais pessoas da classe C e algumas da D, e que tem os seus bêbados e seus viciados em drogas.


Pois bem, quando eu tinha uns dois anos de idade alguns drogados pularam o muro da casa de minha vó, provavelmente atrás de alguma quinquilharia que pudessem roubar. Nesse inteirim, minha vó e minha tia, que era adolescente nessa época, chegaram em casa e deram um grito invocando pela polícia. Os elementos, assustados com o grito, não só não roubaram nada como deixaram o banheiro todo cagado e ainda deram uma facada nas costas de minha tia com uma faca de cozinha pequena. Felizmente, o golpe não foi muito profundo, e só teve que levar alguns pontos, além de minha vó ser obrigada a limpar a sujeira do banheiro.


Muitos anos depois, a casa de minha avó estava sendo reformada, e parte dos materiais de construção estavam empilhados na viela aonde ela e meu vô moram (a Vila Maria tem muitas vielas, em forma de grandes escadarias de concreto). Algum maconheiro escondeu sua droga enterrando o pacotinho num monte de areia. Quando ele retornou e não encontrou a droga, ele passou a atormentar meus avós, perguntando "onde é que estava o bagulho", muito embora meus avós não tivessem nada a ver com o assunto. O que eu sei da história é que o sujeito fez um escândalo tão grande que foi necessário chamar a polícia para contê-lo. Como ele já estava sendo procurado por outros crimes (ele estava preso no antigo Carandiru e não havia voltado da saidinha de fim de ano) ele acabou sendo conduzido de volta à prisão.


Ainda me lembro de um jovem rapaz muito maltratado que passava o dia estirado no meio da viela fumando maconha; eu não vi, mas todo mundo comentava já tê-lo visto diversas vezes se masturbando ali mesmo. Resumidamente, ele estava em uma sitação muito deplorável; acho até que ele tinha outros problemas que não apenas a droga, talvez alguma deficiência (pois nunca o vi pronunciar uma única palavra, e ele sempre parecia estar babando). Depois de um certo tempo, ele sumiu e não foi mais visto por ali. Uns diziam que ele tinha sido internado na Fundação Casa (nesse tempo ainda era FEBEM), outros diziam que ele tinha morrido esmagado por um caminhão enquanto dormia embaixo dele; o que sei é que de repente não mais o vimos.


Pois bem, eu me lembro que minha santa avozinha, católica às direitas e pessoa extremamente crédula, medrosa e cheia de ojeriza a quaisquer substâncias entorpecentes (como geralmente são as pessoas antigas do interior), me educou no medo destas e de outras figuras que eu não citei. Eu aprendi a ver os maconheiros como pessoas imprevisíveis e perigosas, que num surto de loucura podem avançar em cima de você para te agredir e/ou te roubar somente porque você está olhando pra elas; enfim, como pessoas que devemos evitar a qualquer custo. E pra piorar as coisas, eu fiz todo o ensino fundamental numa escola pertencente aos adventistas, conhecidos por sua rigidez e conservadorismo em matéria de comportamento, e por proporcionarem em seus estabelecimentos de ensino uma educação que isola os alunos da realidade exterior aos muros da escola.


Até que um dia eu aprendi (a duras penas, diga-se de passagem; Deus e os orixás são testemunhas do quanto eu sofri quando eu mudei de escola, era praticamente o "Boça"[aquele mesmo do "Hermes e Renato"] da escola. Só agora que os cabelos estão começando a me fugir da cabeça que eu estou começando realmente a aproveitar a vida!) que o mundo era muito maior do que meus livros, gibis da Turma da Mônica e coleção de selos, do que a casa de minha santa avó paterna e a Vila Maria, do que o Colégio Adventista de Vila Galvão e a Paróquia Nossa Senhora do Rosário (onde eu recebi a catequese), ou mesmo os cuidados de papai e mamãe...


Um belo dia, acabei caindo na real, conheci muita gente nos lugares onde estive e no meio dos que ocasionalmente passam por mim e trocam algumas palavras comigo, certamente há alguns que gostam de "dar um tapa na pantera", ou que passam mais tempo no bar do que na sala de aula; fui notando que geralmente (mas não sempre!) estes elementos estão entre os mais legais, bons de papo e mentes-abertas que eu conheco, e que geralmente (mas não sempre, lembrando de novo!) os abstêmios e temperantes (ou pelo menos os que posam como tais) estão entre os mais boçais e insuportáveis que passam por mim. Observei que o fato de alguém ser usuário de maconha não torna esse alguém necessariamente um sujeito perigoso ou um sujeito que vive vegetando num canto, onde está permanentemente com uma das mãos enfiadas na braguilha, a se masturbar. Enfim, aprendi a ver a realidade das coisas.


Pois bem, com um pouco mais de discernimento e maturidade nós passamos a ouvir os dois lados da história, notando que o ponto de vista hegemônico sobre algumas drogas ilícitas procura sufocar e desqualificar, por exemplo, o discurso em prol de uma regulamentação do uso recreacional e até mesmo religioso de algumas drogas. Pois a estas alturas já ficou bem claro que o teor e o nível do discurso dos que pregam a absoluta temperança já não se encontram em um nível que seja capaz de sustentá-lo inteiramente com argumentos ponderados e lógicos.


Exemplos disso são os acontecimentos envolvendo a(s) Marcha(s) da Maconha e a primeira versão da lei antifumo que está em vigor no estado de São Paulo, que ao proibir o consumo de tabaco em lugares fechados abertos ao público e dentro de templos religiosos abria uma brecha para que, contrariando o respeito às liturgias religiosas previsto na Constituição Federal, templos de umbanda pudessem ser invadidos pela autoridade policial e/ou judiciária, ter suas atividades paralisadas e/ou receber pesadas multas. Nesse caso, felizmente se abriu uma isenção na lei para este caso específico. E, ao contrário do que prega o senso comum, o povo não se deixa enganar indefinidamente, e nota que esse discurso patinado que infelizmente se tornou o discurso anti-drogas já está em pé de igualdade lógica com o discurso dos que defendem a liberação total.


Como nós sabemos, quando no enfrentamento de uma questão uma atitude é contrária à opção mais lógica para o enfrentamento desta, é porque existem interesses de peso que devem ser preservados (econômicos sobretudo; agências de publicidade que contratam com o governo, a indústria farmacêutica, ONGs que recebem repasse de dinheiro público, donos de clínicas particulares de recuperação, operadoras de planos de saúde... enfim, uma mina de ouro!) E para que os interesses de uma minoria se mantenham intactos e para que as pessoas permaneçam na ignorância disso, o discurso do outro é violentamente desqualificado e o debate é posto como uma atitude estúpida e tresloucada.


E para aumentar o paradoxo, temos como política oficial do governo a redução de danos, que por uma série de cuidados enfrenta a questão das drogas sem a necessidade que o viciado entre em abstinência imediata. Seja distribuindo seringas descartáveis ou canudos de silicone, o que se procura é fazer com que o consumo das substâncias seja o menos danoso possível, e não provoque danos correlatos como infecções, transmissão de DSTs, intoxicações causadas por elementos alheios à droga (alguma substância fumada em cotovelos de PVC poderia liberar substâncias venenosas vindas deste material) gestações indesejadas, acidentes automobilísticos etc. Na página da Associação Brasileira de Redutores de Danos: http://www.abordabrasil.org/ encontramos muitas dicas que podem ser seguidas pelos usuários das drogas mais populares, e o incrível é que todas as dicas sempre salientam a necessidade do uso de preservativos...


Enfim, o que temos por certeza é que muita gente já morreu e a questão ainda não está fechada, e não admite pontos de vista radicais. Ora, nós podemos muito bem fabricar cachaça em nossas residências para nosso consumo próprio, mas se nós vendemos nossa cachaça para todos os bares da cidade, as autoridades competentes quererão normatizar os processos produtivos, cuidar da higiene destes processos, e o mais importante: cobrar impostos sobre nossa produção. Se insistirmos em fabricar bebida na clandestinidade, sofreremos a repressão das autoridades.


Assim sendo, por que o consumo da maconha, por exemplo, não poderia ser alvo de política semelhante? Nós estamos nos privando de inúmeras oportunidades de prazer por que nesse clima atual não queremos ser surpreendidos pela polícia somente porque estamos fazendo uma "defumação" pra nosso relax, não queremos por causa disso termos que assinar um termo circunstanciado num DP qualquer que nos obrigue a nos apresentarmos mensalmente a um juiz criminal para dizermos que estamos cumprindo as penas alternativas que nos foram impostas, e ainda ficar com esse estigma estúpido no nosso atestado de antecedentes (o que nos impediria de assumir qualquer cargo no funcionalismo público, pois para a posse em um cargo público se exige a certidão negativa de antecedentes. Imagine que não podemos entrar no exercício de um cargo público em que nos esforçamos para passar nas provas só porque em nossos antecedentes consta que pagamos pena alternativa por posse de entorpecentes!). Essa história que eu contei é inventada, mas infelizmente pode acontecer com muita gente. Precisamos rever com urgência noissos conceitos e retomar com seriedade o debate sobre esta questão...

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