domingo, 10 de março de 2013

No Dia Internacional da Mulher, três exemplos para lembrarmos que esta data é de luta!

Saudações a todos! Há muito eu estava pensando em fazer um post sobre a temática feminista, e não atinava com a melhor forma de fazê-lo. Mas, durante esta semana que se acabou, eis que encontro na linha do tempo de meu face três exemplos vindos de três mulheres que eu sigo ali. 


Duas delas foram minhas colegas de turma na Universidade Federal de São Paulo, e a terceira é uma pessoa que conheci por acaso nas minhas andanças pela web, e com a qual ainda mantenho uma ativa correspondência virtual (já compartilhei coisas dela aqui nesse blog). Durante um bom tempo, sempre pensei que o feminismo fosse uma questão menor, de interesse restrito às mulheres e que nós, homens, pouco tínhamos a ganhar com isso.


Mas, com o passar do tempo, e sobretudo por causa dos debates que tive com a última das pessoas que citei, fui ver que estava completamente enganado, principalmente por duas razões que citarei agora: a) apesar de estarmos já no século XXI, a mulher ainda é colocada numa relação de total, ou quase total, subordinação em relação ao homem. Em todos os cantos do mundo, na maior parte das sociedades humanas e em todas as classes sociais, seu comportamento, sua forma de vestir e sua vida ainda estão sob a avaliação e o crivo do homem, e ela é vítima desta e outras violências oriundas deste controle. E o feminismo luta para erradicar todas estas injustiças; b) Ao contrário do que pensamos, o feminismo também diz respeito sim ao homem; pode parecer que não, mas ele também se encontra aprisionado dentro de papéis que ele se vê obrigado a exercer: em todos os instantes de sua vida, ele é coagido a se comportar de forma "viril", a entender a mulher como estando a seu serviço e lhe é vedado ter qualquer comportamento não considerado como "masculino". Como chorar, por exemplo...


Eu mesmo desenvolvi um bloqueio sério quanto a isto; apesar de eu ser emotivo e de sentir vontade de chorar até com final de blockbuster mela-cueca, há muitos anos que não consigo chorar genuinamente com nada. Se sinto vontade de fazê-lo, instintivamente eu reprimo esta vontade, e sinto que isso não me faz bem e que eu gostaria muito de poder chorar em certas situações para poder aliviar aquilo que no momento está me oprimindo. Poderia ainda falar mais sobre o feminismo e o quanto ele é necessário nos dias de hoje, mas deixarei isto para outra ocasião. Por ora, fiquemos com os exemplos dados por três mulheres de luta: Maria Fernanda, Mariane e Mariana (os compartilhamentos seguem esta ordem). O primeiro é de uma foto tirada na manifestação paulistana da Marcha Mundial das Mulheres, e as outros dois são textos que as citadas escreveram em seu face.


E mais: digo, sem medo de errar, que o marido da primeira e os namorados das demais são homens especialmente abençoados pelas forças sagradas de Umbanda em ser companheiros destas mulheres guerreiras, que sem dúvida trazem consigo o axé de Iansã e de todas as pomba-giras (apesar de as três serem atéias - da segunda não tenho bem certeza), as mais belas, guerreiras e insubmissas entre todas as divindades! Que um dia estas mesmas forças e divindades que citei me dêem a honra (se dela eu for merecedor) de ter nos meus caminhos e na minha vida uma mulher assim! E vamos ao que interessa! (publico sem licença das três, mas creio que irão me perdoar por isso!)


A foto que citei:




O texto de Mariane:

"Não quero pagar menos que um homem para entrar em um bar. Quero dividir sempre a conta em um restaurante com o meu namorado. Quero dar uma boneca para o meu filho brincar de ser papai, assim como as meninas brincam de ser mamãe. Quero que o tempo da licença paternidade seja igual ao da maternidade. Quero que o homem possa chorar quando tiver vontade. Quero que meus alunos não assobiem na sala quando uma menina entrar para dar um aviso. Quero usar um decote e uma saia curta no trem sem me sentir assediada/desrespeitada. Quero que meus sobrinhos e primos estejam mais acostumados com meninos de mãos dadas do que com armas na cintura. Quero que haja fraldário no sanitário masculino. Quero que meu filho possa usar saia e roupa rosa se tiver vontade sem sofrer discriminação. Quero que filhas possam dormir no quarto com os namorados assim como os filhos dormem com as namoradas. Quero que não haja risadas quando o assunto se tratar de um estupro. Quero que os homens possam se cumprimentar com um beijo no rosto sem se sentirem reprimidos. Quero que as mulheres possam ficar e se relacionar com quem quiserem, quantas vezes quiserem, sem ter que ouvir que elas "não são pra casar". Quero que os homens lavem a louça sem achar que estão AJUDANDO, mas conscientes de que são responsáveis por suas tarefas. Quero que os maridos não achem que é obrigação das esposas trazerem o prato pronto na mesa. Quero que as mães solteiras possam namorar sem sofrer discriminação. Quero que vassourinhas e panelinhas não sejam brinquedos exclusivos de meninas. Quero que meus amigos transcendam o "não sou homofóbico" e, também, não se incomodem se seus filhos forem gays. Quero um mundo onde o racismo, a homofobia, o machismo, o sexismo, o preconceito, a gordofobia, a misoginia não sejam tratados como se não existissem, mas que sejam enfrentados diariamente porque, ainda, constituem regra e não exceção" 


E, por fim, o texto de Mariana:

"Dia das mulheres hoje. E o que tenho a dizer?
Muito, muito mesmo, pois sou.
"Não se nasce mulher, torna-se" já diria Simone Beauvoir, justamente por não termos uma 'função natural', muito menos um cérebro 'de mulher', temos a sexualidade feminina, apenas, não temos limites.


Esse dia foi criado pela esquerda, a mesma que dizia que não existe uma grande mulher por trás de um grande homem, e sim, ao lado, a mulher que luta está ao lado, sendo representada por si mesma, e não ao lado no quesito de heterossexualidade, ao lado no quesito de igualdade.


Igualdade de gêneros, esse foi o objetivo desse dia, as mulheres cumpriam exatamente a mesma função dos homens e recebiam menos, menos por quê? As intelectuais femininas se mostraram capazes igualmente, tanto é, que a Simone se mostrou capaz até de derrubar uma teoria que é um mito, a teoria de Freud que a mulher inveja o genital masculino.


E não é um dia para ressaltar e fazer nenhuma mulher ser 'princesa', nem mais que ninguém, é um dia de reflexão. Não existem limites sexuais, existem apenas preconceitos, não existe 'natureza feminina' e 'pensamento feminino', existe apenas imposição social.


As mulheres que tem admiração pela 'roupa' da outra, pela imagem que passa, e não admiram a personalidade das outras mulheres por quê? Pior, se sente enojadas com a imagem da nudez feminina, o que no fundo é uma vergonha do próprio corpo sendo projetada nas demais. Admita-se, e tenha orgulho do seu corpo, saia dos estereótipos, seja você. Você não é 'as mulheres', você é a mulher.


E isso não te faz mais, nem menos, te faz apenas você ser você mesma. Não precisa sorrir, não precisa agradar, você não nasceu para agradar, você nasceu para lutar, ser mulher, tornar-se"

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